17 de agosto de 2010

BÍBLIA - GÊNESIS (aula 06)


Gênesis é uma palavra grega que significa nascimento, origem. Esse primeiro livro da Bíblia traz as narrativas sobre as origens do mundo, da humanidade e do povo de Deus.

Distinguimos duas grandes partes neste livro: capítulos 1-11 (origens do mundo, processo da história da humanidade) e 12-50 (narrativas populares sobre as raízes da história do povo de Deus).

O conteúdo do livro é como uma “colcha de retalhos”, lendas, historias, fatos... escrito em três momentos importantes: o tempo do rei Salomão (971-931 a.C.); o período entre 800-700 a.C. e o período do exílio na Babilônia e do pós-exílio (586-400 a.C).

A história das origens volta-se principalmente para a linha de Adão e Jacó e seus doze filhos, também Abraão e Isaac, Noé e outros.

Em Gn 1-11 encontramos a humanidade após a queda e a promessa de Deus.

Em Gn 11-25 Deus vai cumprindo sua promessa e faz a aliança com Abraão e dos capítulos 25 ao 36, mostra como a providência de deus se utiliza até mesmo dos pecados humanos para cumprir o seu plano.

Os temas básicos deste livro voltam-se para:
- as promessas de salvação (13,15 e 12,3),
- a livre escolha do povo para o cumprimento das suas promessas (25-26)
- a realização dessas promessas e sentido da aliança (13,15).

Encontramos na Bíblia duas narrativas de criação do homem:
- Javista (Gn 2, 4b-25)
- Sacerdotal (Gn 1,1-2,4a)

TRADIÇÃO / FONTE JAVISTA:
Não mostra tanto interesse pela origem do mundo quanto pelo surgimento do mal: como pode se explicar a existência do mal em uma realidade que procede e depende de um Deus bom?

O Senhor Deus modelou o homem com o pó apanhado do solo. Ele insuflou nas suas narinas o hálito da vida e o homem se tornou um ser vivo.
Aqui se destaca a relação do homem e da terra”adam procede da adamá (= terra) e no final da vida seu destino será a terra da qual teve origem (Gn 3,19).

O ser humano é tão frágil quanto o barro de que foi formado.
“Deus disse: Façamos o homem...”


TRADIÇÃO / FONTE SACERDOTAL:
Descreve a criação do universo de um modo pedagógico e estereotipado, sobressai repentinamente um “façamos”.

O homem que vai ser criado é o ser humano em geral, a humanidade, não um personagem. “Imagem” (= tselem) alude a uma representação plástica, ao passo que “semelhança” (= demut) designa uma imagem abstrata, com menor parecença.

O homem é relação com Deus, “imagem de Deus”.

O homem é simultaneamente “quase como um Deus”.

A afirmação central de que Deus criou todos os seres tem grandes conseqüências. Ele passa a ser visto como o Senhor supremo do universo, como criador universal , des-divinizando a natureza com seus seres e forças.

Há uma preocupação com a ordem (seis dias) e no sexto-dia Deus cria a humanidade. Toda a narrativa é pontilhada com a apreciação de Deus: “E Deus viu que tudo era bom... E Deus viu que era muito bom” (1,12.18.21.25.31).


DESTACAMOS:

1. A ambigüidade humana – (Gn 3):
Serpente trazida do Egito por Salomão, poder da diplomacia que sustentava a política egípcia. Em Canaã, a serpente era símbolo de fertilidade.

Torna-se, pois, o símbolo da pretensão de um discernimento que leva o homem à auto-suficiência.

2. A ambigüidade da história – (Gn 4-11):
Relação social representada em Caim e Abel. A humanidade produz violência que leva à própria destruição. Encontramos as catástrofes históricas, uma volta ao caos primitivo.

É o sonho do homem justo, o fim de um mundo corrupto e o início de um novo tempo. A pretensão da cidade, o desejo de chegar mais alto (11,4) elevando ao máximo a auto-suficiência.

3. As raízes do povo de Deus (Gn 12-36):
Abraão e o dinamismo da fé. A fé como abertura histórica, um dinamismo que provoca mudança, deixando uma situação para produzir uma realidade alternativa.

4. Esaú e Jacó:
Jacó ocupa grande parte da narrativa, pois foram os grupos que tiveram maior representação na formação do povo.A história de Esaú e Jacó é uma história de conflito (25,19-28).

5. Deus age através dos acontecimentos( Gn 37-50):
A história de José apresenta-se claramente como ponte entre as narrativas patriarcais e o relato do livro do Êxodo.

Ë o início de uma história dramática e encontramos a providência de Deus e a previdência do homem.

Ao contrário das precedentes, a história de José se desenvolve sem a intervenção visível de Deus, sem nova revelação, mas toda ela é um novo ensinamento:
José é salvo e o crime dos seus irmãos se torna instrumento do desígnio de Deus, a vinda dos filhos de Jacó ao Egito prepara o nascimento do povo eleito.

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