16 de agosto de 2010


BIBLÍA - CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA DEI VERBUM (aula 02)

"Vos anunciamos esta Vida eterna, que estava voltada para o Pai e que nos apareceu - o que vimos e ouvimos vo-lo anunciamos para que estejais também em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo" (1Jo 1,2-3).

A REVELAÇÃO (Cap. I):
Aprouve a Deus na sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cf. Ef 1,9), mediante Jesus Cristo, Verbo encarnado. Em virtude desta Revelação, Deus invisível, no seu imenso amor, fala aos homens como a amigos e conversa com eles

Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos profetas, falou-nos Deus ultimamente, nestes nossos dias, por meio de seu Filho (Hb 1, 1-2). Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado como "homem aos homens", fala, portanto, as palavras de Deus e consuma a obra de salvação que o Pai lhe mandou realizar (cf. Jo 5,36).

A Deus que revela é devida a obediência da fé, entregue livremente a Deus. Para entendermos cada vez mais profundamente a Revelação, o Espírito Santo aperfeiçoa sem cessar a fé mediante os seus dons.

Deus, princípio e fim de todas as coisas, "tornou-se intelegível pela luz natural da razão através das criaturas" (cf. Rm 1,20).

A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA (Cap. II)
Para que permanecesse íntegra a sua revelação, Deus em Jesus Cristo, preparou os apóstolos para pregarem a todos os povos a mensagem divina. Este mandato foi cumprido com fidelidade e para que continuasse o anúncio do Evangelho, esses deixaram como seus sucessores os bispos, transmitindo-lhes a sua função de ensinar.

Os apóstolos, transmitindo o que eles mesmos receberam, advertem os fiéis que mantenham as tradições que aprenderam quer por palavra, quer por escrito e que lutem pela fé.

Esta Tradição que se origina dos apóstolos, progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo. Assim, Deus que outrora falou, continua sempre a falar com a Esposa do seu amado Filho.

A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura estão estreitamente relacionadas entre si. Formam como que uma coisa só, partindo da mesma fonte divina. A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo e a Sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos apóstolos a palavra de Deus, para que a conservem e a difundam fielmente. É um só depósito sagrado da Palavra de Deus.

O múnus (missão) de interpretar autenticamente a Palavra de Deus só foi confiada ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo e cuja papel não está acima da própria Palavra, mas a seu serviço. Neste depósito da fé encontra-se tudo quanto propõe para se crer como divinamente revelado.

A INSPIRAÇÃO DIVINA E A INTERPRETAÇÃO DA S. ESCRITURA (Cap. III)
As coisas reveladas por Deus que se encontram e se manifestam na Sagrada Escritura, foram escritas por inspiração do Espírito Santo. A Igreja considera como sagrados e canônicos os livros inteiros tantos do AT como do NT, tendo Deus como autor e confiados à própria Igreja.

Como Deus na Sagrada Escritura falou por meio de homens e à maneira humana, o intérprete da SE, para saber o que ele quis comunicar-nos, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram significar e aprouve a Deus manifestar por meio da palavra deles.

A Palavra de Deus deve ser lida e interpretada com a ajuda do Espírito Santo. Cabe aos exegetas, trabalhar por entender e expor mais profundamente o sentido da Escritura.

O ANTIGO TESTAMENTO (Cap. IV)
Deus escolheu, no seu infinito amor, um povo a quem confiou as suas promessas. Tendo estabelecido aliança com Abraão e com o povo de Israel, revelou-se como único Deus.

O AT nos relata essa escolha e a preparação do povo eleito e o anúncio profético que constrói uma sociedade mais justa e solidária.

O AT manifesta o conhecimento de Deus e dos homens e de como Deus trata os homens.

O NOVO TESTAMENTO (Cap. V)
A plenitude da mensagem de Deus se dá com o mistério da Encarnação. O Verbo se faz carne e habita entre nós, cheio de graça e verdade (cf. Jo 1,14). Mistério não revelado às gerações passadas, mas agora manifestada em Jesus Cristo.

A Igreja defende que os Evangelhos transmitem com fidelidade o que Jesus, Filho de Deus, realmente operou e ensinou.

O cânone do NT encerra, além dos quatro Evangelhos, as epístolas de S. Paulo e outros escritos, redigidos sob inspiração do Espírito Santo.

A SAGRADA ESCRITURA NA VIDA DA IGREJA
A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, sobretudo na sagrada liturgia. Sempre considerou as divinas Escrituras e continua a considerá-las, juntamente com a Sagrada Tradição, como regra suprema de fé.

É preciso que os fiéis tenham amplo acesso à Sagrada Escritura. Por este motivo, a Igreja logo oferece a tradução grega do AT nomeada dos Setenta e continua outras traduções, quer orientais, quer latinas, sobretudo a chamada Vulgata. Assim, essa mesma Igreja esforça-se por conseguir sempre inteligência mais profunda das Sagradas Escrituras, para alimentar continuamente seus filhos.

A Teologia apóia-se na Palavra de Deus, que é seu fundamente perene. O estudo desses livros sagrados deve ser como a alma da Teologia. É convite do Concílio que se leia a Sagrada Escritura freqüentemente. "Desconhecimento das Escrituras é desconhecimento de Cristo" (S. Jerônimo).

Compete aos pastores "depositários da doutrina apostólica" (S. Irineu), ensinar convenientemente os fiéis a usarem como devem os livros divinos.

Assim como a vida da Igreja cresce com a assídua freqüência do Mistério Eucarístico, assim é lícito esperar também novo impulso de vida espiritual, do aumento de veneração pela palavra de Deus, que "permanece para sempre" (Is 40,8).

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