17 de agosto de 2010

BÍBLIA - A REVELAÇÃO DE DEUS NA REALIZAÇÃO HUMANA (aula 04)


A palavra “Deus” não contém uma idéia imutável; ao contrário, contém todo um espectro de significados. Ao longo da história humana, cada geração tem de criar a imagem de Deus que “funciona” para ela. Apesar do caráter transcendental, uma religião é muitíssimo pragmática.

É muito mais importante uma determinada idéia de Deus funcionar do que ser lógica ou cientificamente válida. É impossível descrever essa transcendência por meio da linguagem conceitual. Há semelhantes idéias no conceito do divino proposta por judeus, muçulmanos e cristãos.

O deus dos judeus, cristãos e muçulmanos é um Deus que – em algum sentido – fala. Sua Palavra é crucial em todas as três “fés”.

A teologia sempre termina parecendo aborrecida e abstrata, mas a história de Deus tem sido apaixonada e intensa.

Assim os seres humanos criaram um Deus que era a Causa Primeira de todas as coisas, o Senhor do Céu e da Terra. Ele não era representado por imagens. Todos, homens e mulheres, aspiravam pelo divino, era esse Deus o protótipo da existência humana.

Assim Deus se revela. Essa revelação tem a ver com o sagrado, com o mistério.

As crises e rejeições da fé na Revelação, nascem dos choques e entre concepções infantis e os questionamentos de uma cultura crítica.

A Revelação é a descoberta do divino que se manifesta. Nem todas as religiosidades ou manifestações tem o mesmo caráter revelador.

A abstração pode ameaçar a essência da revelação. A experiência do divino não é sempre facilmente exprimível.

E na Sagrada Escritura, como se apresenta a experiência da religião?

Os homens da Bíblia não vivam sua religiosidade como algo revelado. Não havia clara distinção entre sagrado/profano, o ambiente era impregnado de religiosidade. Não falamos no “fato”ou “acontecimento” da Revelação, mas fatos e acontecimentos onde o homem bíblico sentiu a presença divina.

Todo esse processo da Revelação foi ganhando importância na palavra, verbalização – a Revelação foi compreendida no modelo da palavra humana –“falar categorial de Deus” – que dita os livros sagrados.

A compreensão teórica da Revelação foi se estreitando numa compreensão verbal, oracular e abstrata. Tal “dizer” não é sempre necessariamente verbal – ações simbólicas dos profetas.

Só no momento em que Deus, em vez de fazer ver e sentir, fala, é que a verdadeira revelação torna-se definitivamente assentada.

A partir do exílio a palavra ganha intensidade nos próprios escritos – “palavra de Iahweh” – formação do cânon, nascimento da Tora.

A letra bíblica é a pura revelação de Deus – de revelação para inspiração. Se Deus ditou a Bíblia, ali não pode haver erros. Mas há na Bíblia uma necessidade histórica e criação das condições de sua possibilidade. A Revelação é para Israel a visão global do mundo e a experiência religiosa. Deus está além das instituições religiosas.

A Revelação não deve ser buscada nas letras das narrações, mas na experiência narrada. Os profetas irão indicar o processo revelador em ação – o profetismo não era exclusivo de Israel, mas anterior. Deus se encarna na palavra humana e assim o profeta revela a profundidade do coração de Deus.

Pertence à Palavra de Deus não só o que ela tem a nos dizer, mas o que nós temos a ouvir, a palavra do homem a Deus. A leitura sapiencial é o caminho pelo qual o homem descobrir em seu esforço reflexivo, a presença de deus (iluminadora), saindo da simples leitura para o mistério.

SITZ IN LIEBEN – a estreita inter-relação entre a história efetiva vivida pelo povo de Israel e os modos de vivenciar a experiência reveladora – situação vital.

DEUS, PURO AMOR EM ATO, ESTÁ SEMPRE SE REVELANDO AO HOMEM NA MÁXIMA MEDIDA QUE LHE É POSSÍVEL. DEUS NÃO SE CANSA DE NOS ATRAIR PELO SEU AMOR.
A Revelação alcança sua plenitude em Cristo – Deus continua se revelando.

4 comentários:

  1. Posso afirmar que o Cristianismo nasceu com a ressurreição?

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  2. Tanto Felipe com Madalena escreveram Evangelhos?
    E a Igreja o que diz?

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  3. Será que só Eu,às vezes não entende nada durante os encontros?

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  4. Pe. Silvio vamos estudar Josué?
    É promessa de DEUS, Js 1,6-9
    Até então,acho que nunca havia lido este lindo livro.

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