30 de abril de 2011

CALENDÁRIO DAS AULAS DE MARIOLOGIA - 2011

02/05/2011 - Maria nos Evangelhos de Marcos e Mateus

09/05/2011 - Maria no Evangelho de Lucas

16/05/2011 - NOVENA - Não haverá encontro

23/05/2011 - NOVENA - Não haverá encontro

30/05/2011 - Maria no Evangelho de João e no Apocalipse


06/06/2011 - Maria: Mãe de Deus e sempre Virgem

13/06/2011 - Maria: Imaculada e Assunta aos Céus

20/06/2011 - Teologia de Maria na Lumen Gentium - Parte I

27/06/2011 - Teologia de Maria na Lumen Gentium - Parte II

10 de abril de 2011

PNEUMATOLOGIA - GRAÇA, DONS, CARISMAS (AULA 7)


GRAÇA

Experiência cristã mais originária:


Dois mundos que se encontram e dialogam: Deus e o Homem


EVOLUÇÃO TEOLÓGICA DO CONCEITO

Antigo Testamento – Graça como história;

Novo Testamento – Bondade e simpatia de Deus que se faz gente, abrindo esperança;

Teologia grega – Glória de Deus que se irradia e diviniza o homem;

Teologia latina – Graça pensada como libertação do pecado;

Teologia pré-escolástica – Graça como auxílio, socorro para viver as virtudes;

Teologia escolástica – Aspecto metafísico, graça como princípio gerador;

Teologia do século XIX – Ênfase trinitária. Deus mesmo se dá e mora no homem;

Teologia moderna – Ênfase no diálogo e abertura do homem para o infinito.



Homem criado à imagem e semelhança de Deus – é graça, consequência do dom de Cristo que nos é dado pelo Pai, no Espírito.

Para São Paulo graça é:
- O próprio Jesus
- Situação do homem incorporado no Cristo
- Gratuidade do amor divino
- Potência de Deus que nos fortalece

Âmbito da graça é o mundo todo e todo mundo – vontade salvífica universal.

Predestinados para a salvação:
"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo. Nele, ele nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele, no amor.Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácido da sua vontade, para louvor e glória da sua graça, com a qual ele nos agraciou, no Amado. É por ele que temos a redenção e remissão dos pecados, segundo a riqueza de sua graça que ele derramou profusamente sobre nós." (Ef 1, 3-8)


A graça derramada sobre homens frágeis e pecadores, por pura e livre iniciativa de Deus.
Pelágio e Agostinho.

Só Jesus pode salvar, sem mérito algum de nossa parte.

Salvação não é só remissão de pecados, mas é justiça que vem de Deus e que se torna inerente a nós, nos salva “por dentro”.

Pela graça nos tornamos filhos, no Filho.
"Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial. E porque sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho que clama: Abba, Pai! Já não és mais escravo, mas filho. E se és filho és também herdeiro, graças a Deus." (Gl 4, 4-6)

O Espírito habita em nós por pura graça, e esta presença é o fundamento de nossa divinização.
Plenitude do homem como conformação ao Cristo, em sua relação original com o Pai.

É o Espírito que torna possível a encarnação, que o unge no batismo, que o faz pregar em sua potência, que o ressuscita dos mortos.

Jesus ressuscitado dá seu Espírito, que realiza em nós o mesmo que realizou em Jesus.

Graça é o horizonte da salvação. O homem na graça é o homem salvo. A graça é o dom do próprio Deus. Salvação é o homem que só é, se está em Deus.

Nossa salvação se faz história concreta.


DONS E CARISMAS

Os dons são disposições que tornam o homem dócil para seguir os impulsos do Espírito.

Carismas são dons do Espírito concedidos a cada um para o bem dos homens, para as necessidades do mundo e para a edificação da Igreja.
PNEUMATOLOGIA - VIDA NO ESPÍRITO E SEGUNDO O ESPÍRITO (AULA 5)


O ESPÍRITO REALIZA, PERSONALIZA E INTERIORIZA A VIDA "EM CRISTO"

Ser cristão é fazer de Cristo o princípio da própria vida, levar a vida por Cristo.

São Paulo usa as expressões “Cristo em nós”, “nós em Cristo”. Ele exorta as comunidades “em Cristo” ou “no Senhor”

O cristão vive nova vida, fundamentada na vitória do Cristo sobre a morte, que revelou o poder do Espírito Santo.

Na ressurreição de Jesus, o Espírito revela-se como aquele que dá a vida: “Aquele que ressuscitou Cristo dos mortos, vivificará os vossos corpos mortais, por meio do Espírito que habita em vós” (Rm 8, 11)

Em nome da ressurreição, anunciamos a vida que se manifestou para além das fronteiras da morte, a vida mais forte que a morte.

Aquele que dá esta vida é o Espírito santo vivificante, presente e atuante em nós.

O mesmo Espírito que fez Maria fecunda de Cristo - “O Espírito Santo virá sobre ti...” (Lc 1, 35) e que tornou e faz a Igreja fecunda - “Encheram-se todos do Espírito Santo...” (At 2, 4), é o mesmo que nos torna fecundos e nos dá a semente da identidade cristã, até a consumação final.

São João nos fala sobre a “semente de Deus”, da qual nascemos de Deus. Esta semente é o Espírito: “Ninguém que seja filho de Deus comete pecado, pois conserva sua semente, porque foi gerado por Deus” (1 Jo 3, 9)

Esta semente é o Espírito e é também o Verbo que foi recebido pela fé, o que mostra como o Cristo e o Espírito estão unidos em nós.

Paulo diz tanto “no Espírito” quanto “em Cristo”

Claro que Paulo também diz do Cristo coisas que não diz do Espírito e vice-versa. Por exemplo Paulo não diz que somos templos do Cristo e nem que somos membros do Espírito.

É o Espírito que opera esta identificação mística entre nós e o Cristo.

Assim, Deus Pai, pelo seu Espírito, faz com que Cristo habite em nossa profundeza, onde se forma a orientação de nossa vida: “Dobro os joelhos diante do Pai para que vos conceda: fortalecer-vos internamente com o Espírito, que pela fé Cristo habite vosso coração, que estejais enraizados e alicerçados no amor” (Ef 3, 14-17)

O Espírito é ativo na fé, na palavra - “...isso que agora têm anunciado os que trazem a boa notícia, inspirados pelo Espírito Santo” (1 Pd 1,12), na escuta - “o Senhor lhe abriu o coração para que prestasse atenção ao discurso de Paulo” (At 16, 14), no testemunho de Jesus - “quando vier o Paráclito, ele dará testemunho de mim e vós também dareis” (Jo 15, 26-27)

A semente de que fala João é o Verbo e o Espírito, que unge o cristão, e lhe comunica a mesma unção profética e messiânica recebida por Jesus. E esta unção é ativa em toda a vida de fé do batizado. O Espírito aprofunda a fé, pois ele é o Espírito da verdade.

O Espírito revela o Filho, assim como o Filho revela o Pai. O Paráclito é sempre relativo a Cristo - “Eu pedirei ao Pai que vos envie outro Consolador, que esteja convosco sempre” (Jo 14, 16). O Espírito, o único que conhece o que está em Deus, é o único que pode nos fazer conhecer a verdade do Cristo profundamente.

Presente em Cristo desde o princípio, é ele sua testemunha privilegiada e insubstituível, “pois o Espírito explora tudo, inclusive as profundidades de Deus. Qual homem conhece o homem senão a consciência do homem? Ninguém conhece o próprio Deus a não ser o Espírito de Deus.” (1 Cor 2, 10b-11)


A VIDA EM CRISTO É UMA VIDA FILIAL

Cristo é o centro e o cume, mas não é o termo. Ele está todo voltado em direção ao Pai: o Espírito nos leva ao Filho, que nos leva ao Pai”: “Meu alimento é fazer a vontade do Pai” (Jo 4, 34); “Eu sempre faço o que lhe agrada” (Jo 8, 29); “Não procuro minha vontade, mas a vontade do que me enviou” (Jo 5, 30)

Durante toda a vida de Jesus, o Pai não cessou de dizer: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” e Jesus não cansou de dizer: “Tu és o meu Pai, vim para fazer a tua vontade”.

Nossa vida de filhos é nossa busca de conformidade à vontade de Deus, sem negar nossa inteligência e dignidade.

Juntamo-nos a Jesus também em sua oração, principalmente a oração ao “Pai nosso que está nos céus”.

“Nós todos, refletindo com o rosto descoberto da glória do Senhor, vamos nos transformando em sua imagem, com brilho crescente, sob a ação do Espírito do Senhor” (2 Cor 3, 18)


JÁ E AINDA NÃO

Toda nossa vida está nesta tensão entre o já e o ainda não.

“Possuindo as primícias do Espírito, gememos interiormente, esperando ser verdadeiramente tratados como filhos” (Ef 8, 23)

“Nele nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos diante dele no amor. Ele nos predestinou para sermos adotivos, por Jesus Cristo. Fostes selados pelo Espírito da promessa, o Espírito Santo, que é penhor da nossa herança” (Ef 1, 4-6.13-14)

“Fostes marcados com o sinete do Espírito Santo, adiantamento de nossa herança, até a libertação final em que dela tomaremos posse, para o louvor da sua glória” (2 Cor 1, 21-22)

O Espírito, com fez com o corpo de Cristo, provocará nossa ressurreição, e seremos plenamente filhos de Deus.

É a ressurreição e glória de Jesus que também nos asseguram, em Cristo, a ressurreição e a glória: “esse Espírito é que atesta ao nosso Espírito que somos filhos de Deus. Filhos, portanto herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo, visto que, participando de seus sofrimentos, teremos parte na sua glória” (Rom 8, 16)

Somos amados pelo mesmo amor com que o Pai ama o Filho.

Formamos com o Filho um único ser filial. Ele é Filho único, mas também o filho primogênito de uma multidão de irmãos. Em Jesus, e graças a Ele, o Pai também diz a cada um de nós: “Tu és meu filho”.


O ESPÍRITO E NOSSA ORAÇÃO

O Espírito assiste nossa leitura das Escrituras, nossa meditação e nossa oração, pois “quanto mais o Pai do céu dará o Espírito santo aos que lho pedirem” (Lc 11, 13) e “o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza, pois não sabemos rezar como convém” (Rm 8, 26)

O pressuposto essencial é que amemos verdadeiramente a Deus, que Ele seja uma Pessoa viva para nós, o pensamento mais importante de nossa vida, em todas as situações práticas.


RESUMINDO...

O Espírito enxerta em nós a “raiz da imortalidade”, da qual desponta a vida nova, do homem em Deus, que como fruto da divina autocomunicação só pode desenvolver-se e consolidar-se sob a ação do Espírito Santo.

Sob a influência do Espírito Santo, o homem interior se fortalece. Graças à comunicação divina, o espírito humano, que “conhece a consciência do homem”, encontra-se com o “Espírito que conhece as profundezas de Deus”.

Nesse Espírito, Deus abre-se totalmente ao homem

Sob o mesmo o Espírito o homem abre-se diante de Deus e entra numa vida nova, é introduzido na realidade da própria vida divina e torna-se habitação de Deus. O Pai, o Filho e o Espírito vêm a ele e fazem nele sua morada.

A íntima relação com Deus faz com que o homem também se compreenda e à humanidade de maneira nova, e realize, à luz de Cristo, protótipo da relação com Deus, aquela imagem e semelhança de Deus, que o homem é desde sempre e para sempre.

Tudo isso só é possível porque o mesmo Espírito existe em Cristo nossa cabeça, e em nós, seu corpo.

Por sermos filhos no Filho, primogênito de uma multidão de irmãos, corresponde o fato de que é pelo mesmo Espírito, identicamente o mesmo, que nós o somos.