31 de julho de 2010

REINICIO DOS ENCONTROS

NESTA SEGUNDA FEIRA, 02 DE AGOSTO, REINICIAREMOS OS NOSSOS ENCONTROS.

CRISTOLOGIA - AS PARÁBOLAS DE JESUS ( aula 08)

INTRODUÇÃO

A palavra grega "parabole" significa um dito sapiencial. Do ponto de vista literário, parábolas são histórias que combinam alegorias (interpretação que passa ao lado do texto) e metáforas (emprego de uma palavra em sentido diferente do significado próprio. Ex: Esta cantora é um rouxinol ) com narrativas.

Uma parábola quer mostrar, como algo transparece numa realidade que pertence ao seu campo de experiência, de que até então não se havia percebido. Por meio da parábola, os ouvintes se aproximam daquilo que estava longe, de tal modo que chegam até o desconhecido.

A parábola já era uma forma literária utilizada no Antigo Testamento (AT) e na literatura rabínica.

No AT encontramos nove parábolas: Ex 21, 1-5 ; 2Sm 12,1-14 ; 2Sm 14,1-11 ; 2Rs 20,35-40 ; Is 5,1-7 ; Ez 17,3-10 ; Ez 19,2-9 ; Ez 19,10-14 ; Ez 24,3-59.

Na literatura rabínica estima-se que há algo em torno de 2000 parábolas.

As parábolas de Jesus são diferentes das fábulas gregas ou da literatura rabínica, pois a matéria prima da linguagem de Jesus era a realidade cotidiana da natureza e das atividades humanas.

Não há uma unanimidade quanto ao numero de parábolas existentes no Novo Testamento (NT). Dependendo da linha de pesquisa este numero vária entre 35 a 72. Isto se deve ao fato de alguns estudiosos aceitarem as metáforas como parábolas.

Para nós ocidentais, acostumados com as exigências das ciências históricas, fica muito difícil entender uma "cultura narrativa", onde os mistérios mais profundos da vida são interpretados em contos e fadas.

As parábolas, muitas vezes, põem o nosso senso do certo e do errado de cabeça para baixo. Elas rompem a nossa maneira convencional de ser e entender, assim como, nos leva a refletir, incluindo algum elemento "estranho" e de "surpresa" dentro de um acontecimento corriqueiro.

Enfim, nos convida a considerar, sob outro ponto de vista, a nossa própria vida. Parábolas expõem possibilidades diferentes e novas. Muitas vezes contrastantes com o nosso modo de pensar e agir.

As parábolas formam o núcleo essencial da pregação de Jesus. Mesmo com o passar dos tempos, elas nos tocam profundamente.

No mundo das parábolas de Jesus, vive e julga de modo diferente do que se faz no mundo da rotina comum (cotidiana).

Com exceção de três parábolas - O fariseu e o publicano (Lc 18.9-14); O rico e o Lázaro (Lc 16. 19-31) ; O rico avarento (Lc 12.16-21.) - todas as demais parabolas são terrenas. Deus não é mencionado diretamente.

Mesmo assim qualquer um, ao ouvir uma parábola, estará sendo confrontado com a ação salvífica de Deus em Jesus: é assim que Deus age.

Jesus não nos quer transmitir conhecimentos abstratos, que não iriam ao fundo de nós mesmos. Jesus quer conduzir-nos ao mistério de Deus - para a luz que os nossos olhos não suportam e da qual fugimos.

Para que isso nos seja acessível, Ele mostra a transparência da luz divina nas coisas deste mundo e nas realidades do nosso cotidiano. Por meio do cotidiano Ele quer nos mostrar o autêntico fundamento de todas as coisas; a verdadeira direção que devemos tomar todos os dias de nossa vida.

Jesus nos mostra um Deus que age, que entra em nossa vida e quer nos tomar pela mão.

A parabola, fica "suspensa", enquanto o ouvinte nao "decide" em favor ou contra a nova possibilidade de vida que nela se abre.

O ouvinte é posto diante de uma escolha entre dois modelos de vida.

Será que vai aceitar a nova "logica da graça e da misericordia" que as parábolas revelam, e participar, na sua própria vida, dessa reviravolta radical? Ou vai rejeitar esse desafio e vai voltar para a vida anterior?

A razão do falar em parábolas:

(Mt 13.10-17; Mc 4.10ss; Lc 8.9-10 e Jo 9.39)


 

Por que Jesus falou por parábolas

(Mt 13.34-34; Mc 4.33-34)


 


 

PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO (Lc 10,25-37)

Personagens desta parábola:

Escriba: Estudioso e Intelectual do judaísmo que recebe o titulo da Rabi. Era profundo conhecedor da Lei sendo considerado de suma sabedoria e o que possuía o saber verdadeiro e inquestionável. Sua posição na comunidade judaica era a respeitável posição de guia.

Sacerdote: É quem profere oráculos (é uma comunicação da vontade revelada de Deus como uma orientação de como agir) e oferece sacrifícios.

Levita: Ministro que assessora o Sacerdote e desempenham funções sagradas, mas não sacerdotais no templo. (purificam os objetos sagrados, preparam o pão, cantam orações e tem a responsabilidade de zelar por todo o santuário.

Samaritano: Habitantes do distrito de Samaria. Para os judeus, os samaritanos eram um grupo herético, cismático e de espúrios adoradores do Deus de Israel. Eram detestados até mais que os pagãos. Face a isto eram excluídos da sociedade e marginalizados, apesar de muitos deles terem uma vida prospera.


 

COMENTÁRIO:

O ponto central desta parábola é a pergunta que o Escriba, fez a Jesus: Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: "E quem é o meu próximo?" (Lc 10,29)

Jesus arrolou os nesta parábola personagens antagônicas de um lado um sacerdote e um levita - conhecedores da Lei, que conheciam a questão da Salvação e que a serviam por profissão - que passam pelo assaltado e não prestam atenção no ocorrido. De outro lado o Samaritano que não pertencia a comunidade de Israel e era absolutamente marginalizado por esta comunidade .

Coube ao Samaritano toda a ação. Ele foi tomado de compaixão e age em socorro do assaltado e gravemente ferido. Não houve questionamento de quem era esta pessoa ferida. Apenas compaixão e um instinto de ajudar, incondicionalmente, o próximo.

Se no inicio da narrativa, a pergunta tivesse sido feita, ao escriba, se o Samaritano era também o seu próximo? Com certeza a resposta seria negativa. Mas Jesus coloca a questão de forma inversa: o samaritano, o estrangeiro e excluído, faz se a si mesmo próximo e mostra, a todos nós, que é a partir do nosso interior que nós devemos aprender a ser o próximo ao outro. Mostra, também, que nós devemos ser pessoas que amam. Pessoas que estejam abertas a comoção perante as necessidades do outro. Então nós encontramos o meu próximo. Ou melhor, seremos encontrados por ele.


 

CONCLUSÃO:

Através das parábolas Jesus quer nos conduzir ao mistério de Deus. Ele mostra, a transparência da luz divina nas coisas deste mundo e nas realidades do nosso cotidiano. Por meio do cotidiano Ele quer mostrar o autentico fundamento de todas as coisas e, assim a verdadeira direção que devemos todos os dias acertar para andarmos de um modo correto.


 

BIBLIOGRAFIA

RATZINGER, J. (BENTO XVI), Jesus de Nazaré, São Paulo, Planeta, 2007.

McKENZIE, John L., Dicionário Bíblico, 7ª edição, São Paulo, Paulus, 1984.

SCHILLEBEECKX, Edward., Jesus a história de um vivente, 10ª edição, São Paulo, Paulus, 2008