21 de junho de 2011

MARIOLOGIA (AULA 6)

TEOLOGIA DE MARIA NA LUMEN GENTIUM - PARTE I


INTRODUÇÃO:

Doutrina de Maria em documento separado ou integrada no esquema sobre a Igreja?

Venceu a segunda posição por 1.114 votos a favor e 1.074 contra

A Mariologia entrou no documento sobre a Igreja – Lumen Gentium – como o capítulo VIII (nº 52 ao nº 69)

O capítulo oitavo se estrutura em duas linhas-mestras: cristológica e eclesiológica, como o próprio título sintetiza:
“A Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, no mistério de Cristo e da Igreja”

O capítulo tem cinco partes:
  • Proêmio
  • Função da Santíssima Virgem na economia da salvação
  • A Santíssima Virgem e a Igreja
  • O culto da Santíssima Virgem na Igreja
  • Maria, sinal de esperança certa e de consolação

Dentro dos destaques cristológico e eclesiológico, ainda se destacam:
  • Enfoque histórico-salvífico
  • Enfoque bíblico
  • Enfoque antropológico
  • Enfoque pastoral

PROÊMIO

53. A Virgem Maria, que na anunciação do anjo recebeu o Verbo de Deus no seu coração e no seu corpo e deu a Vida ao mundo é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus e do Redentor. Remida de modo mais sublime em atenção aos méritos de seu Filho e unida a Ele com vínculo estreito e indissolúvel. Com este dom de graça sem igual, ultrapassa de longe todas as outras criaturas celestes e terrestres.
53.Ao mesmo tempo encontra-se unida na estirpe de Adão com todos os homens que devem ser salvos; mais ainda, é “verdadeiramente mãe dos membros de Cristo, porque com seu amor colaborou para que na Igreja nascessem os fiéis que são os membros daquela cabeça”. É saudada como membro supereminente e absolutamente singular da Igreja, e também como seu protótipo e modelo acabado, na fé e na caridade.

MARIA NA ECONOMIA DA SALVAÇÃO

55. Os livros do Antigo e do Novo Testamento e a tradição mostram e colocam diante dos nossos olhos a função da Mãe do Salvador.

Os livros do Antigo Testamento descrevem a história da salvação e iluminam pouco a pouco a figura de uma mulher, a da Mãe do Redentor.

55. Ela aparece esboçada na promessa da vitória sobre a serpente (Gen 3, 15). Ela é a Virgem que há de conceber e dar à luz um filho, cujo nome será Emanuel (Is 7, 14). Ela sobressai entre os humildes e os pobres do Senhor, que dele esperam confiadamente e vêm a receber a salvação.

Enfim, com ela, após longa espera da promessa, atingem os tempos a sua plenitude e inaugura-se nova economia, quando o Filho de Deus assume dela a natureza humana.

56. Maria na anunciação
O Pai das misericórdias quis que a encarnação fosse precedida da aceitação por parte da Mãe predestinada a fim de que, como uma mulher tinha contribuído para a morte, também uma mulher contribuísse para a vida. Assim Maria, filha de Adão, consentindo na palavra divina, tornou-se Mãe de Jesus, abraçando com generosidade a vontade salvífica de Deus.

Maria consagrou-se totalmente, como escrava do Senhor,à pessoa e obra de seu Filho, servindo ao mistério da redenção sob sua dependência. Maria não foi instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens com fé livre e com inteira obediência.

57. A Virgem Maria e o Menino Jesus
Esta união da Mãe com o Filho manifesta-se desde o momento em que Jesus Cristo é concebido virginalmente até a sua morte. Primeiramente, quando Maria se dirigiu pressurosa a visitar Isabel, e depois no nascimento, quando a Mãe de Deus mostrou aos pastores e aos magos seu Filho.

E também quando ao apresentá-lo no Templo ao Senhor , ofereceu o resgate dos pobres e ouviu Simeão profetizar. O Menino Jesus perdido e com tanta dor procurado, encontram-no Maria e José no templo, ocupado nas coisas de seu Pai.

58. A Virgem Maria no ministério público de Jesus
Sua mãe manifesta-se logo no início, quando nas bodas de Caná, movida de misericórdia, conseguiu, com sua intercessão, que Jesus, o Messias, desse início aos seus milagres.

Durante a pregação do seu Filho, recolheu as palavras com que ele, exaltando o reino acima das razões e vínculos da carne, proclamou bem-aventurados os que ouvem e observam a palavra de Deus, como ela fazia pontualmente.

A Santíssima Virgem avançou no caminho da fé e conservou fielmente a união com seu Filho até a cruz, junto da qual, por desígnio de Deus se manteve de pé.

59. A Virgem Maria depois da Ascensão
Vemos os apóstolos, antes do dia de Pentecostes, assíduos e unânimes na oração com algumas mulheres e com Maria, mãe de Jesus e os irmãos deste” (At 1, 14), e vemos Maria implorando com suas preces o dom do Espírito, que na anunciação já a tinha coberto com sua sombra.


A SANTÍSSIMA VIRGEM E A IGREJA

60. É um só o nosso Mediador, segundo as palavras do Apóstolo: “Porque há um só Deus, também há um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, verdadeiro homem, que se ofereceu em resgate por todos” (1 Tm 2, 5-6). A função maternal de Maria para com os homens, de nenhum modo obscurece ou diminui esta mediação única de Cristo, antes mostra qual é a sua eficácia.

Todo o influxo salutar da Santíssima Virgem em favor dos homens não é imposto por nenhuma necessidade intrínseca, mas sim por livre escolha de Deus e dimana da superabundância dos méritos de Cristo, funda-se na sua mediação, dela depende absolutamente e dela tira toda a sua eficácia.

61. A Santíssima Virgem foi na terra, por disposição da divina Providência, a Mãe do Redentor divino, e mais que ninguém sua companheira generosa e humilde escrava do Senhor. Ela cooperou, de modo absolutamente singular – pela obediência, pela esperança e caridade – na obra do Salvador. Por isso, ela é nossa mãe na ordem da graça. 

62. A maternidade de Maria perdura sem cessar, desde o consentimento que ela prestou fielmente na anunciação e manteve sem vacilar ao pé da cruz, até a consumação final de todos os eleitos. Depois de elevada aos céus ela não abandonou esta missão, mas pela sua intercessão continua a obter-nos os dons da salvação.

Com seu amor de Mãe, cuida dos irmãos de seu Filho. Por isso é invocada na Igreja com os títulos de Advogada, Auxiliadora, Amparo e Medianeira. Mas isso deve entender-se de modo que nada tire nem acrescente à dignidade e à eficácia de Cristo, Mediador único.

Nenhuma criatura pode colocar-se no mesmo plano que o Verbo encarnado e redentor. A única mediação do Redentor não exclui, antes suscita uma cooperação múltipla, embora a participar da fonte única. A Igreja não hesita em atribuir a Maria uma função subordinada para que os fiéis, apoiados nesta proteção maternal, se unam mais intimamente ao Mediador e Salvador.

63. A Santíssima Virgem encontra-se também intimamente unida à Igreja, pelo dom e cargo da maternidade divina, que a une com seu Filho e ainda pelas suas graças e prerrogativas singulares: a Mãe de Deus é a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo.

No mistério da Igreja, a qual também se chama com razão virgem e mãe, à Santíssima Virgem Maria pertence o primeiro lugar por ser, de modo eminente e singular, exemplo de virgem e de mãe.

64. A Igreja, contemplando a santidade misteriosa de Maria, imitando a sua caridade e cumprindo fielmente a vontade do Pai, torna-se também ela mãe: pela pregação e pelo batismo gera, para uma vida nova e imortal, os filhos concebidos do Espírito Santo e nascidos de Deus.

E é também virgem, que guarda a fé jurada ao Esposo íntegra e pura; e à imitação da Mãe do seu Senhor, conserva, pela graça do Espírito Santo, virginalmente íntegra a fé, sólida a esperança, sincera a caridade.

65. Na Santíssima Virgem, a Igreja já alcançou esta perfeição. Os fiéis, porém, continuam ainda a esforçar-se por crescer na santidade, vencendo o pecado. Por isso, levantam os olhos para Maria que refulge a toda a comunidade dos eleitos como modelo de virtudes.

A Virgem, durante a vida, foi modelo daquele amor materno de que devem estar animados todos aqueles que colaboram na missão apostólica da Igreja para a redenção dos homens.


O CULTO DA SANTÍSSIMA VIRGEM NA IGREJA

66. Maria foi exaltada pela graça de Deus acima de todos os anjos e de todos os homens, logo abaixo de seu Filho, por ser a Mãe Santíssima de Deus e como tal, haver interferido nos mistérios de Cristo, por isso a Igreja a honra com culto especial, já desde os mais antigos tempos.

Sobretudo a partir do Concílio de Éfeso, o culto prestado a Maria pelo povo de Deus cresceu admiravelmente, manifestando-se em veneração, amor, invocação, imitação.

Esse culto, tal como sempre existiu na Igreja, é de todo singular, mas difere essencialmente do culto de adoração que é prestado ao Verbo encarnado e do mesmo modo ao Pai e ao Espírito Santo, e muito contribui para ele. Pois as várias formas de devoção que a Igreja aprovou fazem com que, ao honrarmos a Mãe, seja bem conhecido, amado e glorificado o Filho e bem observados os mandamentos.

67. O Sagrado Concílio exorta todos os filhos da Igreja a que promovam dignamente o culto da Virgem Santíssima, de modo especial o culto litúrgico. Exorta os teólogos e pregadores que, ao considerarem a singular dignidade da Mãe de Deus se abstenham com cuidado de qualquer falso exagero, como também duma demasiada pequenez de espírito.

Esclareçam com precisão as funções e os privilégios de Maria, que sempre se referem a Cristo, origem de toda verdadeira santidade e devoção.

Recordem-se os fiéis de que a devoção autêntica não consiste em sentimentalismo estéril e passageiro, ou em vã credulidade, mas procede da fé verdadeira, que nos leva a reconhecer a excelência da Mãe de Deus e nos incita a um amor filial para com nossa Mãe, e à imitação de suas virtudes.


MARIA, SINAL DE ESPERANÇA CERTA E CONSOLAÇÃO PARA O POVO PEREGRINO

68. Do mesmo modo que a Mãe de Jesus, já glorificada no céu em corpo e alma é imagem e primícia da Igreja, que há de atingir a sua perfeição no século futuro, assim já agora na terra, ela brilha como sinal de esperança segura e de consolação aos olhos do povo de Deus peregrino.

69. Todos os fiéis dirijam súplicas à Mãe de Deus e Mãe dos homens, para que ela, que assistiu com suas orações aos alvores da Igreja, também agora, exaltada no céu acima de todos os anjos e bem-aventurados, interceda junto de seu Filho, na comunhão de todos os santos, para que todas as famílias dos povos, quer se honrem do nome cristão, quer desconheçam ainda o Salvador, reúnam-se em paz e concórdia no único povo de Deus, para glória da santíssima e indivisa Trindade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário