6 de maio de 2010

CRISTOLOGIA - O BATISMO DE JESUS (aula 02)

OBJETIVO DA CRISTOLOGIA:
Estudar critica e sistematicamente a pessoa e a obra de Jesus de Nazaré, baseado na Sagrada Escritura, nas fontes históricas, na tradição, nos estudos contemporâneos e no magistério da Igreja, possibilitando o conhecimento de Jesus Cristo (Jesus real) e a adesão a ele.


SAGRADA ESCRITURA:



ELEMENTOS HISTÓRICOS:
Flávio Josefo (37-100 d.C)Excetuando o Novo Testamento, o mais antigo depoimento sobre Jesus que sobreviveu até hoje é o do escritor historiador judeu Flávio Joséfo.

"Havia por esses dias um homem sábio, Jesus, se é que é licito chamá-lo de homem, pois operava maravilhas - mestre de homens que acolhiam a verdade com prazer. Atraiu a si muitos judeus como também muitos gentios.


JESUS TAMBÉM É MENCIONADO POR TRÊS HISTORIADORES ROMANOS:
1- Cornélio Tácito (55 – 117 d.C), historiador romano.
"Esta era a seita conhecida como cristãos. Seu fundador, um Cristus, foi executado pelo procurador Pôncio Pilatos no reino de Tibério. Isto suprimiu a superstição abominável por um tempo, mas voltou e expandiu, não só pela Judéia, onde se originou, mas inclusive até Roma, o grande depósito e terra coletiva de todo tipo de depravação e sociedade. Aqueles que confessaram ser cristãos foram presos em seguida, mas por seu testemunho grande número de pessoas foi convertida, não tanto pela acusação de incêndio, mas pelo ódio da raça humana inteira."

Ele era Cristo; e havendo Pilatos, por sugestão dos principais do nosso meio, sentenciado-o à cruz, aqueles que antes o amavam não o abandonaram, pois apareceu-lhes vivo novamente ao terceiro dia. Isto os profetas Divinos haviam predito, bem como dez mil outros fatos maravilhosos a seu respeito; e a tribo dos cristãos, de quem tomam emprestado o nome sobrevive até hoje."
2 - Plínio o Jovem , historiador, foi governador da Bitínia na Ásia Menor, em 112 d.C. Escreveu ao imperdor Trajano, nas Epístolas X.96, sobre a dedicação dos cristãos que ele estava perseguindo.
" ...amaldiçoado a Cristo, que um cristão genuíno não pode fazer."
Na mesma carta ele descreve os julgamentos dos cristãos que haviam sido presos: "Eles afirmaram, no entanto, que toda sua culpa, todo seu erro, era que tinham o hábito de se reunirem num dia fixo antes da manhã, para cantar versos alternados em hino a Cristo como um deus e fazem um juramento solene, não de fazer o mal, mas nunca cometer qualquer fraude, roubo, adultério, nunca mentir, não negarem a verdade quando forem chamados a entregá-la."

3 - Suetônio (? – 120 d.C), Oficial judicial e analista de Adriano em torno de 120 d.C., que escreveu: "Como os judeus estavam fazendo perturbação constante a instigação de Crestus, ele os expeliu de Roma." A Vida de Cláudio, 25.4, "O castigo de Nero foi infligido aos cristãos, uma classe de homens dada a uma nova e perigosa superstição."Vida dos Césares,26.2,:

JESUS TOTAL






O BATISMO DE JESUS:
Jesus emerge para a vida pública ligado a um homem chamado "João Batista".
João Batista é claramente uma figura histórica.
Além do importante papel desempenhado por ele nos quatro evangelhos, o historiador judeu "Flávio Josefo" o menciona em sua obra "Antiguidades Judaicas" (aprox. 93-94 d.C.).
João aparece primeiramente no deserto da Judéia, na região do rio Jordão, proclamando uma mensagem de arrependimento.(cf. Mc 1,4 e Mt 3,1-6).
O deserto é o lugar do futuro esperado, do novo início e da conversão. Isso, por si só, mostra uma opção de espiritualidade: não é a espiritualidade do templo (lei do puro e do impuro) e sim a do deserto.
Ele não tem propriedade, não trabalha para seu sustento, vive do que o deserto lhe oferece: caramujos, gafanhotos e mel (cf. Mc 1, 6). Anda vestido com pêlos de camelo, com uma tira de couro (natural) rude na cintura.Assim se vestiam os profetas.

Tudo isso é uma "demonstração escatológica" de alguém consciente de que é "profeta".
João não era um proclamador de um evangelho (boa nova, boa noticia) de salvação; ele é o profeta da calamidade, que ameaça com o juízo divino já se aproximando. Tanto sua mensagem como seu modo de viver expressam isso.
João Batista traz algo de novo, em comparação com a velha tradição profética: é a necessidade do batismo.
Mergulhar na água por motivos de "metanóia" já era coisa conhecida entre os judeus. Agora, porém, quem batiza é João (pessoalmente ou com ajuda de seus discípulos). Era uma novidade; pois era costume a própria pessoa submergir.
João tinha plena consciência que somente a verdadeira conversão é que dá sentido à ação de batizar. A única coisa necessária para ele é a metanóia, o converter-se e deixar-se batizar; é um batismo de arrependimento. Tudo o mais, em vista do julgamento iminente, é perder tempo.
Do batismo de João faz parte a confissão dos pecados; o judaísmo daquele tempo conhecia várias confissões formalmente genéricas dos pecados, mas também a confissão totalmente pessoal, na qual eram enumerados cada um dos atos pecaminosos.
Trata-se de vencer verdadeiramente a existência até então pecadora, de partir para uma vida nova, para uma vida transformada.


A MORTE DE JOÃO BATISTA:
O historiador judaico Flávio Josefo diz que João, batizando, atraiu tanta gente que Herodes ficou com medo de a influência do Batista levar o povo a uma rebelião, porque todos estavam dispostos a fazer o que ele pedisse; por esse motivo mandou prendê-lo na "fortaleza de Maqueronte". Esse motivo parece historicamente mais provável da sua prisão.

A morte de João Bastista foi conforme as perícopes de: Mt 14,1-12 ; Mc 6,14-29 ; Lc 9,7-9 e 3,19-20.

POR QUE JESUS FOI BATIZADO POR JOÃO:
Só é possível fazermos especulações a respeito dos motivos pelos quais Jesus deixou sua casa e seu pequeno negócio na Galiléia, e viajou até a Judéia para encontrar-se com João Batista.
Ele deve ter ouvido falar que um novo profeta havia surgido em Israel e, como outros judeus religiosos, deve ter ido até o local em que João estava ministrando seu batismo, para ouvir sua mensagem. Duas coisas são bastante claras:.

1- O batismo de Jesus mudou sua vida. Embora não seja possível vislumbrar muitos significados psicológicos na história desse evento, nem tomar a visão descrita pelos evangelistas como uma narrativa literal de sua experiência, o encontro foi um "divisor de águas". Algo aconteceu como resultado desse encontro, que transformou o "carpinteiro de Nazaré" num pregador ambulante do reino de Deus..

2- É bem possível que o ministério público de Jesus tenha se desenvolvido a partir do tempo que passou com João Batista e seus discípulos. A primeira aparição de Jesus se dá na companhia de João. Seus primeiros discípulos, incluindo Felipe e André, haviam sido discípulos de João. Além disso, ao menos nos primeiros dias de seu ministério, ele parece ter batizado outros como fazia o Batista. Cf Jo 3, 22


O BATISMO DE JESUS:
Jesus é sem pecado. Então, porque se submeteu a um batismo de penitência?
A moderna exegese explica que se submetendo à confissão dos pecados, Jesus certamente atribui um novo sentido teológico ao batismo. É o que se pode apreender, especialmente pela leitura dos evangelhos sinóticos.



RELATOS BÍBLICOS SOBRE O BATISMO DE JESUS:
Mc 1, 9-11Mt 3, 13-17
Lc 3, 21-22


SIGNIFICADO TEOLÓGICO DO BATISMO DE JESUS:
Durante o batismo, Jesus é declarado "Messias". A declaração determina discretamente o gênero de messianismo: ela remete a um dos cantos do "Servo do Senhor", em Isaías.
O "Servo" é aquele que carrega os pecados de seu povo. O primeiro gesto de Jesus é submeter-se à confissão dos pecados. Não se situa à distância da história da humanidade.
Evidentemente, não se trata de uma confissão individual.
João, em seu evangelho, transmite uma palavra de Cristo: "Quem de vós pode me acusar de pecado"? (Jo 8, 46). Dá claramente a entender que
Jesus tinha consciência de sua comunhão com Deus Pai.
O messianismo de Jesus, porém, não é uma qualidade meramente externa. O Servo não está separado da humanidade. Toma sobre si os seus pecados.
Inserido no dinamismo de nossa história, o batismo torna-se "solidário" de nossa humanidade.
O batismo de Jesus é descida à habitação do mal, luta com o "forte", que mantém os homens aprisionados.
O batismo – sacramento – a partir daqui aparece como participação na luta de Jesus pela transformação do mundo na mudança da vida que acontece na sua descida e na subida.
Jesus confessa os pecados, mas Jesus não é pecador.
Não confessa por si, mas por nós.
A universalidade de sua confissão e a santidade de sua existência, lançam a velha humanidade numa humanidade nova: a manifestação do Espírito dá testemunho de que os tempos estão cumpridos.
O reino não surge em nosso mundo sem levar em conta nossa história: ele retoma a humanidade em sua realidade pecadora.
Jesus também, possuindo o espírito para uma missão universal, deverá se confrontar pessoalmente com aquilo que é a fonte sempre atual dessa mesma história decepcionante.
O Espírito conduz Jesus para o deserto, para ali ser tentado pelo demônio.










Um comentário:

  1. A cada encontro eu me alegro mais, pela realização deste curso, pela perseverança da comunidade, pela minha perseverança, pois às vezes é uma enorme batalha entre eu e meu cansaço.
    Mas graças ao bom Deus nós temos vencido, digo nós, pois tenho certeza que cada um que ali se encontra tem as suas próprias batalhas.
    Tenham umas abençoadas férias, descansem bastante se alegrem com seus familiares... para voltarmos em agosto revigorados para conhecermos mais desse maravilhoso Jesus.

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