10 de abril de 2011

PNEUMATOLOGIA - VIDA NO ESPÍRITO E SEGUNDO O ESPÍRITO (AULA 5)


O ESPÍRITO REALIZA, PERSONALIZA E INTERIORIZA A VIDA "EM CRISTO"

Ser cristão é fazer de Cristo o princípio da própria vida, levar a vida por Cristo.

São Paulo usa as expressões “Cristo em nós”, “nós em Cristo”. Ele exorta as comunidades “em Cristo” ou “no Senhor”

O cristão vive nova vida, fundamentada na vitória do Cristo sobre a morte, que revelou o poder do Espírito Santo.

Na ressurreição de Jesus, o Espírito revela-se como aquele que dá a vida: “Aquele que ressuscitou Cristo dos mortos, vivificará os vossos corpos mortais, por meio do Espírito que habita em vós” (Rm 8, 11)

Em nome da ressurreição, anunciamos a vida que se manifestou para além das fronteiras da morte, a vida mais forte que a morte.

Aquele que dá esta vida é o Espírito santo vivificante, presente e atuante em nós.

O mesmo Espírito que fez Maria fecunda de Cristo - “O Espírito Santo virá sobre ti...” (Lc 1, 35) e que tornou e faz a Igreja fecunda - “Encheram-se todos do Espírito Santo...” (At 2, 4), é o mesmo que nos torna fecundos e nos dá a semente da identidade cristã, até a consumação final.

São João nos fala sobre a “semente de Deus”, da qual nascemos de Deus. Esta semente é o Espírito: “Ninguém que seja filho de Deus comete pecado, pois conserva sua semente, porque foi gerado por Deus” (1 Jo 3, 9)

Esta semente é o Espírito e é também o Verbo que foi recebido pela fé, o que mostra como o Cristo e o Espírito estão unidos em nós.

Paulo diz tanto “no Espírito” quanto “em Cristo”

Claro que Paulo também diz do Cristo coisas que não diz do Espírito e vice-versa. Por exemplo Paulo não diz que somos templos do Cristo e nem que somos membros do Espírito.

É o Espírito que opera esta identificação mística entre nós e o Cristo.

Assim, Deus Pai, pelo seu Espírito, faz com que Cristo habite em nossa profundeza, onde se forma a orientação de nossa vida: “Dobro os joelhos diante do Pai para que vos conceda: fortalecer-vos internamente com o Espírito, que pela fé Cristo habite vosso coração, que estejais enraizados e alicerçados no amor” (Ef 3, 14-17)

O Espírito é ativo na fé, na palavra - “...isso que agora têm anunciado os que trazem a boa notícia, inspirados pelo Espírito Santo” (1 Pd 1,12), na escuta - “o Senhor lhe abriu o coração para que prestasse atenção ao discurso de Paulo” (At 16, 14), no testemunho de Jesus - “quando vier o Paráclito, ele dará testemunho de mim e vós também dareis” (Jo 15, 26-27)

A semente de que fala João é o Verbo e o Espírito, que unge o cristão, e lhe comunica a mesma unção profética e messiânica recebida por Jesus. E esta unção é ativa em toda a vida de fé do batizado. O Espírito aprofunda a fé, pois ele é o Espírito da verdade.

O Espírito revela o Filho, assim como o Filho revela o Pai. O Paráclito é sempre relativo a Cristo - “Eu pedirei ao Pai que vos envie outro Consolador, que esteja convosco sempre” (Jo 14, 16). O Espírito, o único que conhece o que está em Deus, é o único que pode nos fazer conhecer a verdade do Cristo profundamente.

Presente em Cristo desde o princípio, é ele sua testemunha privilegiada e insubstituível, “pois o Espírito explora tudo, inclusive as profundidades de Deus. Qual homem conhece o homem senão a consciência do homem? Ninguém conhece o próprio Deus a não ser o Espírito de Deus.” (1 Cor 2, 10b-11)


A VIDA EM CRISTO É UMA VIDA FILIAL

Cristo é o centro e o cume, mas não é o termo. Ele está todo voltado em direção ao Pai: o Espírito nos leva ao Filho, que nos leva ao Pai”: “Meu alimento é fazer a vontade do Pai” (Jo 4, 34); “Eu sempre faço o que lhe agrada” (Jo 8, 29); “Não procuro minha vontade, mas a vontade do que me enviou” (Jo 5, 30)

Durante toda a vida de Jesus, o Pai não cessou de dizer: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” e Jesus não cansou de dizer: “Tu és o meu Pai, vim para fazer a tua vontade”.

Nossa vida de filhos é nossa busca de conformidade à vontade de Deus, sem negar nossa inteligência e dignidade.

Juntamo-nos a Jesus também em sua oração, principalmente a oração ao “Pai nosso que está nos céus”.

“Nós todos, refletindo com o rosto descoberto da glória do Senhor, vamos nos transformando em sua imagem, com brilho crescente, sob a ação do Espírito do Senhor” (2 Cor 3, 18)


JÁ E AINDA NÃO

Toda nossa vida está nesta tensão entre o já e o ainda não.

“Possuindo as primícias do Espírito, gememos interiormente, esperando ser verdadeiramente tratados como filhos” (Ef 8, 23)

“Nele nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos diante dele no amor. Ele nos predestinou para sermos adotivos, por Jesus Cristo. Fostes selados pelo Espírito da promessa, o Espírito Santo, que é penhor da nossa herança” (Ef 1, 4-6.13-14)

“Fostes marcados com o sinete do Espírito Santo, adiantamento de nossa herança, até a libertação final em que dela tomaremos posse, para o louvor da sua glória” (2 Cor 1, 21-22)

O Espírito, com fez com o corpo de Cristo, provocará nossa ressurreição, e seremos plenamente filhos de Deus.

É a ressurreição e glória de Jesus que também nos asseguram, em Cristo, a ressurreição e a glória: “esse Espírito é que atesta ao nosso Espírito que somos filhos de Deus. Filhos, portanto herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo, visto que, participando de seus sofrimentos, teremos parte na sua glória” (Rom 8, 16)

Somos amados pelo mesmo amor com que o Pai ama o Filho.

Formamos com o Filho um único ser filial. Ele é Filho único, mas também o filho primogênito de uma multidão de irmãos. Em Jesus, e graças a Ele, o Pai também diz a cada um de nós: “Tu és meu filho”.


O ESPÍRITO E NOSSA ORAÇÃO

O Espírito assiste nossa leitura das Escrituras, nossa meditação e nossa oração, pois “quanto mais o Pai do céu dará o Espírito santo aos que lho pedirem” (Lc 11, 13) e “o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza, pois não sabemos rezar como convém” (Rm 8, 26)

O pressuposto essencial é que amemos verdadeiramente a Deus, que Ele seja uma Pessoa viva para nós, o pensamento mais importante de nossa vida, em todas as situações práticas.


RESUMINDO...

O Espírito enxerta em nós a “raiz da imortalidade”, da qual desponta a vida nova, do homem em Deus, que como fruto da divina autocomunicação só pode desenvolver-se e consolidar-se sob a ação do Espírito Santo.

Sob a influência do Espírito Santo, o homem interior se fortalece. Graças à comunicação divina, o espírito humano, que “conhece a consciência do homem”, encontra-se com o “Espírito que conhece as profundezas de Deus”.

Nesse Espírito, Deus abre-se totalmente ao homem

Sob o mesmo o Espírito o homem abre-se diante de Deus e entra numa vida nova, é introduzido na realidade da própria vida divina e torna-se habitação de Deus. O Pai, o Filho e o Espírito vêm a ele e fazem nele sua morada.

A íntima relação com Deus faz com que o homem também se compreenda e à humanidade de maneira nova, e realize, à luz de Cristo, protótipo da relação com Deus, aquela imagem e semelhança de Deus, que o homem é desde sempre e para sempre.

Tudo isso só é possível porque o mesmo Espírito existe em Cristo nossa cabeça, e em nós, seu corpo.

Por sermos filhos no Filho, primogênito de uma multidão de irmãos, corresponde o fato de que é pelo mesmo Espírito, identicamente o mesmo, que nós o somos.

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